Instituto Povo do Mar – Fortaleza

Instituto Povo do Mar – Fortaleza

A individualidade pouco aparece no Instituto Povo do Mar, em Fortaleza. Esse, aliás, é um princípio de quem atua neste projeto que foi fundado exatamente para ajudar as pessoas promovendo o acesso à cidadania, à educação, ao esporte, aos estudos, às artes, à cultura, ao voluntariado, ao desenvolvimento social e à preservação do meio ambiente. “Desde o início, o grande objetivo é promover o desenvolvimento humano através desses pilares. E tudo começou com a iniciativa de quatro surfistas amigos”, revela Fabrini Andrade, coordenadora do Instituto Povo do Mar (IPOM). A ideia surgiu em 2010 como uma organização sem fins lucrativos para atender aos jovens da Comunidade do Serviluz, na capital cearense. “Eles acreditam que um conjunto de ações socioeducativas pode transformar ou, pelo menos, estimular mudanças sociais no resgate da cidadania. Sempre trabalhando humanidade, amor, respeito e altruísmo”, conta Fabrini.

São valores plantados desde o início no processo de transformação de cada jovem atendido, mas colhidos coletivamente entre educadores e alunos, com reflexo em toda a comunidade. Como os professores do IPOM gostam de dizer, “é como o efeito de uma onda”. E o mar tem participação fundamental no projeto. “Antes do projeto eu só conhecia o surfe, de longe. E com o projeto eu pude praticar esse esporte e estou aprendendo cada vez mais. E também mudou a nossa educação. Agora a gente não fica mais nas ruas, sem ter o que fazer”, explica a estudante Sandy Santana, de 15 anos e que está no IPOM desde o início. Segundo o professor Raimundo Cavalcante, o surfe é a atividade mais procurada no projeto. “Eu acho que o surfe é uma inclusão social muito grande, e através dele eu conquistei tudo que eu tenho na vida. Eu passo para eles toda a minha conquista e trajetória no surfe, para que sirva de inspiração. O mais importante é estar estudando. É preciso estar na escola também. Passar isso para eles é muito gratificante”, confessa o professor.

Se o surfe é o combustível de muitos meninos e meninas do projeto, torna-se obrigatório também cuidar do mar, da praia e da natureza para preservar o local das aulas. “A gente sabe que não pode sujar a praia porque prejudica todo mundo, até os surfistas. Isso eles ensinam também. O projeto representa amor, respeito ao próximo e ao meio ambiente”, lembra Sandy. Mas nem sempre é fácil ensinar e conscientizar essa nova geração. “É difícil, eles são muito ativos e a gente tem que ter muito gás e paciência para acompanhar. Pra mim, essas crianças são como se fossem filhos. É muito gratificante você ver esse sorriso deles, pra gente isso é tudo de bom”, confessa o professo Raimundo Cavalcante. Essa sementinha do voluntariado e do amor ao próximo parece se multiplicar no IPOM. A professora Jéssica Mariana é auxiliar de coordenação no Instituto e conta que a rotina deles muitas vezes é dura, mas cem por cento das vezes é gratificante. “Realmente esse trabalho é pra quem ama o que faz, porque não é fácil. Cada criança chega com uma história de vida diferente, a gente não sabe o que cada uma passa em casa. Por isso, trabalhamos com amor para mudar a vida dessas crianças e, quem sabe, da família delas”, diz Jéssica com orgulho.

O maior pagamento para voluntários como a Jéssica, o Raimundo, a Fabrini e tantos outros do Instituto Povo do Mar são a gratidão, o sorriso e as palavras de carinho e reconhecimento de quem faz parte do projeto. “O projeto tem sido maravilhoso. Mudou muito a minha vida, agora eu tenho ocupação e não fico sem fazer nada. E graças a Deus nunca faltou lanche e nem nada pra ninguém. Eu nunca quero sair daqui”, cochicha a adolescente Gleicinara Pereira, de 13 anos. O instituto é mantido por doações de pessoas parceiras e tem alguns patrocínios de empresas privadas que compactuam com a ideia do desenvolvimento humano do IPOM. Para participar do projeto, basta estar matriculado em qualquer escola de Fortaleza e estudando regularmente. “O amor transforma vidas, e isso eles vivem todos os dias no Instituto”, finaliza a coordenadora Fabrini Andrade. Essas e outras histórias do Instituto Povo do Mar você pode conhecer diretamente no local das aulas: na Praia do Futuro ou no site www.institutopovodomar.org.br.

fotos: LC Moreira

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