Fundação Gevaldo Cruz – Barbalha

Fundação Gevaldo Cruz – Barbalha

Mais de três décadas de dedicação e trabalho. Mais de 30 anos acordando cedo, tomando aquele café rápido, colocando o uniforme e saindo para trabalhar. Sem carteira assinada, sem fundo de garantia, sem férias mas… com benefícios. Não os benefícios tradicionais a que o brasileiro está acostumado em um emprego, como vale-transporte, plano de saúde e vale-alimentação. Os benefícios, neste caso, são o sorriso no rosto das crianças e o sucesso dos adultos que já passaram pelo projeto de futebol do professor Gustavo Barros.

Há 30 anos, Gustavo mantém essa rotina diária. Trabalha duro para atrair, treinar, conscientizar e encaminhar dezenas de crianças e jovens para o esporte e para a vida. “Sempre trabalhei com esporte e sentia a necessidade de ver quem trabalhasse como voluntário com a criançada. Porque o esporte não é só correr atrás de uma bola. É muito mais do que isso. O esporte socializa, educa, e nós começamos esse trabalho como Associação Atlética Barbalhense”, explica o professor Gustavo.

No início, a ideia era disponibilizar para os jovens tempo e material esportivo de várias modalidades, como futebol e vôlei, por exemplo. Com o tempo, Gustavo percebeu que a maior procura e demanda era pelo futebol, e resolveu dedicar todas as suas forças nesse esporte. “Foi isso mesmo, depois de um tempo, vimos que a necessidade era mesmo o futebol. Isso começou em novembro de 1984 e segue até hoje. Mas passamos por outras mudanças, também”, lembra. O campo onde treinam diariamente e as instalações por lá nem sempre foram adequadas, como são hoje. Para isso, foi preciso contar com o apoio da Prefeitura Municipal de Barbalha e de algumas outras doações. O nome do projeto também mudou. “Em 2000, nós resolvemos mudar e criamos a Fundação Gevaldo Cruz, para nos organizarmos melhor e continuarmos fazendo o mesmo trabalho com a juventude da região. E essa também foi uma homenagem a um amigo e desportista”, revela Gustavo.

Gevaldo, já falecido, era o pai do Arthur Caique, destaque na Chapecoense, que disputa a série ‘A’ do Campeonato Brasileiro. Arthur deu os primeiros chutes na bola dentro do projeto do professor Gustavo. “O Arthur é muito bom de bola e tem outros nomes que saíram daqui do projeto. Nós temos o Brito, o Jonas, o Netinho, o Júnior Santos, o Marcos Paulo que foi jogar no Sport em Recife, o João Paulo que também foi pro Sport e pro Santa Cruz, entre outros nomes. Nós sempre trabalhamos pensando em profissionalizar o atleta, mas antes, queremos transformar cada um deles em um cidadão”, fala, orgulhoso. 

O bom trabalho e faro para revelar talentos começou a repercutir além das fronteiras de Barbalha e região. Rompeu, aliás, os limites do Ceará. Empresários, escolinhas e jogadores de outras partes do país passaram a fazer contato e enviar atletas para o Gustavo. Todos querendo entrar nessa lista de destaques citada pelo professor. Como é o caso do carioca Robinho, de 18 anos. “Vim em uma loucura danada e estou aqui, com muita luta, procurando uma vida melhor para minha família. Deus vai me abençoar, eu tenho fé nisso. Eu acredito muito em Deus e sei que eu tenho talento. Eu vou chegar lá, vou conseguir”, fala Robinho, cheio de esperança. Ele já tem um filho que, até o dia dessa reportagem, ainda não tinha conhecido. “Meu filho tem dois meses e nasceu no Rio de Janeiro. Eu estou aqui em Barbalha há quatro meses e nem o vi ainda. Estou nessa luta e Deus está me abençoando. É por ele também tudo isso”, conta Robinho ,com os olhos marejados de emoção e saudade. “Eu imagino lá na frente, daqui a alguns anos, eu e meu filho, na nossa casa, lá na frente, com minha esposa também e a família toda junta”, sonha. 

Assim, o projeto de futebol da Fundação Gevaldo Cruz vai ajudando jovens como o Robinho a sonhar. E alimenta também o sonho do professor Gustavo Barros de continuar ajudando a juventude e o futebol da sua cidade natal. “Eu quero continuar ajudando o futebol de Barbalha, ver nosso time jogando o Campeonato Estadual, revelando atletas e aparecendo para as pessoas”, confessa. Se você deseja conhecer mais histórias do professor Gustavo e da escolinha dele, visite o projeto em Barbalha, na região do Cariri. 

fotos: Fabiano Rodrigues

GALERIA DE IMAGENS