Em meio à Chapada do Araripe, no coração do Cariri cearense, a Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, tornou-se um símbolo de transformação social e cultural. Fundada em 1992 pelos educadores Rosiane Limaverde e Alemberg Quindins, a instituição nasceu do sonho de transformar uma antiga casa de fazenda em um espaço de aprendizado, cidadania e valorização da cultura local.
Onde as crianças são protagonistas
Na Fundação Casa Grande, o protagonismo infantil é levado a sério. Desde cedo, as crianças aprendem sobre história, arqueologia, comunicação e arte e assumem papéis de liderança dentro da própria Organização Não Governamental.
Elas apresentam programas de rádio, produzem vídeos, criam gibis e até atuam como guias-mirins, conduzindo visitantes pelas exposições do museu e pelos sítios arqueológicos da Chapada do Araripe. Essa vivência desperta senso de responsabilidade, autoestima e pertencimento, valores que vão muito além da sala de aula.
Entre essas jovens protagonistas está Ana Luiza Freitas, que encontrou na Casa Grande um espaço de aprendizado e descoberta. “Comecei a vir só para brincar mesmo, só que eu gostei muito, me interessei vendo as crianças tendo autonomia de atender, receber os turistas e fazer a manutenção da casa. Aí eu fui adentrando os espaços. Me tornei gerente da biblioteca infantojuvenil, locutora do programa *Baú da Leitura* e também cerimonialista da casa. Pretendo ficar aprendendo aqui por muito e muito tempo”, conta.
Educação que transforma e inspira
Ao longo de mais de 30 anos, a Fundação Casa Grande já formou centenas de jovens que hoje atuam em diferentes áreas da economia criativa e da educação. O impacto do projeto vai além das fronteiras de Nova Olinda: ele inspira políticas públicas e projetos sociais em todo o Brasil, mostrando que a cultura é uma ferramenta poderosa de desenvolvimento humano.
Além disso, a Fundação movimenta o turismo comunitário na região, gerando renda e oportunidades para famílias locais. Visitantes de todo o país chegam à cidade atraídos pela experiência única de ver a infância sendo valorizada como força transformadora da sociedade.

Apresentação cultural realizada pelos jovens da Casa Grande para os visitantes. Foto/Casa Grande
Um patrimônio vivo do Cariri
Reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Casa do Patrimônio da Chapada do Araripe, a Fundação Casa Grande é hoje um dos maiores símbolos de preservação cultural e inovação social do Nordeste.
O fundador Alemberg Quindins lembra que o projeto nasceu com o espírito de devolver às crianças o poder de cuidar do próprio território. “A Casa Grande foi o primeiro Pontão de Cultura do Ceará, e as crianças da cidade invadiram a casa. A gente entregou a chave para as crianças, e elas tomaram de conta”, relembra. Ele explica que a restauração do espaço, em 1992, deu origem a um modelo inovador de educação e gestão cultural.
“Ao restaurar essa casa, criamos um espaço de vivência em gestão cultural e educação patrimonial, com laboratórios de conteúdo e de produção, onde os meninos têm acesso à arte, comunicação e turismo. A Casa Grande foi a inspiração para a criação das Casas do Patrimônio do IPHAN em todo o Brasil. É uma política que mergulha não só no Brasil de dentro, mas no ser humano de dentro, porque todo mundo nasce criança. Ela faz com que as políticas culturais do país cheguem às crianças, não só como forma de acesso, mas como espaço de opinião sobre o que entendem por cultura e como ela deve ser vivida na infância brasileira.”
Mais do que um museu, a Casa Grande é um laboratório de sonhos e memórias, onde o passado dialoga com o futuro e onde cada criança se torna guardiã da própria história.

Jovens do projeto apresentam as atrações do Memorial para os turistas e visitantes. Foto/Fundação Casa Grande

Meninada na formação em curadoria do acervo fotográfico analógico da Fundação Casa Grande. Foto/Fundação Casa Grande
Fundação Casa Grande: infância e cultura
@fundacaocasagrande
Para Doações: